terça-feira, 3 de abril de 2018

FOTOS















GEOGRAFIA.


                                               (Mapa geográfico da Bahia destacando B. J. da Lapa)

O município de Bom Jesus da Lapa está distante 796 km de Salvador, capital estadual, e 672 km de Brasília, capital federal. Ocupa uma área de 4.115,524 km², e se limita com os municípios de Paratinga a norte, Riacho de Santana e Malhada a sul, Macaúbas a leste e Serra do Ramalho e Sítio do Mato a oeste. De acordo com a divisão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística vigente desde 2017,  o município pertence às Regiões Geográficas Intermediária de Guanambi e Imediata de Bom Jesus da Lapa. Até então, com a vigência das divisões em microrregiões e mesorregiões, o município fazia parte da microrregião de Bom Jesus da Lapa, que por sua vez estava incluída na mesorregião do Vale São-Franciscano da Bahia.

O relevo do município, com altitude máxima de quatrocentos e oitenta e três metros, é constituído por Pediplano Sertanejo, característico da região de semiárido baiano e de Depressão Sertaneja - São Francisco. Geomorfologicamente, predominam formas de depósitos aluvionares, coluvionares e depósitos fluviais.

À margem direita do São Francisco, localiza-se o morro da Lapa, formado por um bloco de granito e calcário com quinze grutas em seu interior e fendas estreitas. O território do município é quase todo plano, surgindo, de vez em quando, no meio das planícies ou tabuleiros alguns montes, de feições típicas. O Rio São Francisco é o principal curso de água de Bom Jesus da Lapa, cujo território, em 70 km é percorrido pelo rio. Além do São Francisco, o Rio Corrente, o Rio das Rãs e o Santana perpassam a região e são afluentes diretos. Os riachos da Pedra Branca, e da Santa Rita são outros cursos d'água que banham Bom Jesus da Lapa, além de várias lagoas, das quais se destacam Piranhas, Lapa, Campos, Batalha, Moita e a Itaberaba. O município também conta com quatro ilhas: Ilha do Medo, Ilha da Cana Brava, Ilha do Fogo e a Ilha da Mariquinha no rio São Francisco, de jurisdição municipal.

(Mapa destacando limites geográficos) 


O abastecimento de água é feito pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Bom Jesus da Lapa (SAAE), da prefeitura da cidade. Além disso, o município abriga uma unidade da Capitania Fluvial do São Francisco, administrado pela Agência Fluvial de Bom Jesus da Lapa e que abrange várias cidades baianas. Bom Jesus da Lapa faz parte do polígono das secas desde a criação do decreto-lei que delimitou a região em 1936, ao passo que o desmatamento do bioma na região, entre 2009 e 2010, atingiu a taxa de 0,05% do território que compreende o município. Temporadas de estiagem são comuns na região. No entanto, nos últimos anos, a cidade tem sofrido com a seca cada vez mais frequente. Em 2014, o município declarou situação de emergência. No ano seguinte, Bom Jesus da Lapa enfrentou sua pior seca em cem anos.



Referências: 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bom_Jesus_da_Lapa
https://maps.google.co.uk/                      




segunda-feira, 2 de abril de 2018

DA EMANCIPAÇÃO AOS DIAS ATUAIS.

(Foto do Mercado no inicio do Século XX) 

Graças às constantes peregrinações que se transformaram em grandes e permanentes romarias de fiéis ao Santuário do Senhor Bom Jesus, o povoado foi se desenvolvendo, transformando-se em vila em de setembro de 1890, por meio de um decreto estadual feito por Virgílio Clímaco Damásio, o governador do estado da Bahia naquela época. No mesmo decreto, foi determinada a criação do distrito de Sítio do Mato e Lapa, além da separação de Urubu de Bom Jesus da Lapa. A instalação da nova vila se deu em 07 de janeiro de 1891.
                                          
Em 1923, o governador da Bahia em exercício, José Joaquim Seabra, determinou, pelo decreto Nº 1.682, de 31 de agosto, a elevação de Bom Jesus da Lapa à categoria de cidade. Em 1930, mais de 60 mil pessoas visitavam a cidade por ano.  Em 1931, o nome da cidade foi mudado para Lapa e, dois anos depois, o distrito de Sítio do Mato é criado. Mas a mudança de nome não durou por muito tempo e, em 22 de junho de 1935, por meio do Decreto Estadual nº 9571, o nome da cidade volta a ser Bom Jesus da Lapa.  Em 1953, foi criado o distrito de Gameleira da Lapa.

Embora a emancipação tenha ocorrido no final do século XIX, até a década de 1960 o município apresentou um crescimento populacional lento. Um dos motivos se deu por conta da pouca integração entre cidades do litoral, como a capital Salvador, com o oeste baiano. A partir desta época, a ocupação se fez mais efetiva em Bom Jesus da Lapa, além de outras cidades, como Santa Maria da Vitória e Barreiras.

É a partir da década de 1980 que Bom Jesus da Lapa passa a receber maior infraestrutura e a condição de transporte dos romeiros também melhora.  Na época, o Governo Federal, juntamente com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF), implanta o Projeto Formoso, com o qual pretendia-se aumentar a produção de agricultura.

                                                                       (Projeto Formoso de Irrigação)

Em 1990, a Ponte Gercino Coelho é criada. A nova construção favoreceu a ligação do município com a cidade de Brasília e o estado de Goiás, por meio da BR-242. A ponte faz intersecção entre as rodovias federais BR-349 e BR-430. No mesmo contexto surge a BA-160, que liga Lapa à Paratinga.
    
                                                    (Ponte Gercino Coelho, construída em 1990.)

Em 1991, o santuário completou 300 anos de fundação e, a partir desta data, o fluxo turístico de Bom Jesus da Lapa aumentou. A rede hoteleira do município aumentou, enquanto, a partir de 2007, as cerimônias religiosas passaram a ser transmitidas por emissoras de televisão. A agricultura irrigada, por meio do Projeto Formoso, fez o município se tornar um dos principais produtores de frutos do país, como a banana. A mancha urbana da cidade cresceu em relação à população que vivia na zona rural, enquanto o mercado imobiliário sofreu um crescimento de 500%. Em contrapartida, o crescimento urbano desordenado gerou um aumento da pobreza.


                                                                          (Romaria do Bom Jesus da Lapa)


DA COLONIZAÇÃO À EMANCIPAÇÃO.




A região à esquerda e direita do Rio São Francisco, no oeste baiano, do qual Bom Jesus da Lapa se localiza, era ocupada por várias populações indígenas, dentre elas os tamoios, cataguás, xacriabás, aricobés, tabajaras, amoipira, tupiná, ocren, sacragrinha e tupinambás.

Os primeiros registros da chegada portuguesa a Bom Jesus da Lapa datam do século XVI, quando Duarte Coelho Pereira, o capitão donatário de Pernambuco, esteve no morro de Bom Jesus da Lapa, em uma expedição exploratória, entre os anos de 1543 a 1550. Em 1553, João III de Portugal determinou que Tomé de Sousa conhecesse as nascentes do São Francisco. Francisco Bruza Espinosa, residente em Porto Seguro, foi o responsável pela expedição que, segundo estudiosos, pode ter chegado até a cidade, um ano e meio após o seu início. No entanto, não houve ocupação permanente no local por lusodescendentes.

A colonização, de fato, ocorreria somente no século seguinte, quando Antônio Guedes de Brito pecuarista e latifundiário brasileiro, recebeu a sesmarias que compreendia várias regiões do oeste baiano em agosto de 1663. Esta região, compreendida por municípios como Bom Jesus da Lapa e que se tornou o segundo maior latifúndio do Brasil-colônia, ainda era ocupada por nativos. Guedes de Brito, conhecido pelo desbravamento, foi também reconhecido pela extinção de grande parte desta população utilizando armas. Os indígenas restantes foram escravizados.
  
                                                           


                                    Estátua de Francisco de Mendonça Mar                            

Para efetivar sua posse, Brito criou uma bandeira com duzentos homens para fundar fazendas de gado. Muitas grandes propriedades foram criadas, incluindo a Fazenda Morro, também conhecida como Itibiraba, da qual o povoado de Bom Jesus se desenvolveu, mais tarde. Após sua morte, grande parte das posses foram distribuídas a herdeiros e outras regiões foram vendidas. Mas a fazenda Itibiraba permaneceu pelo poder dos Guedes de Brito.

Paralelamente ao processo de colonização, o português Francisco de Mendonça Mar chegou à Bom Jesus da Lapa. Peregrino para uns, andarilho para outros, descobriu um morro à margem direita do Rio São Francisco. Nas redondezas do lugar existiam apenas alguns currais de gado e empregados de Antônio Guedes. Distribuiu os seus bens, fez-se pobre, andou pelo sertão vestido de um grosso burel e carregando uma imagem do Bom Jesus, onde encontrou uma aldeia de índios tapuias. Francisco instalou-se numa gruta na parte interior morro, onde foi encontrado por garimpeiros. O local virou santuário em 1691.

A cidade começou sua existência à sombra do Santuário do Bom Jesus. Mas, com o tempo, foram agregando-se devotos que resolveram fazer sua moradia perto do lugar, onde se achava a imagem do Bom Jesus. O monge construiu, junto ao santuário, um hospital e um asilo para os pobres e doentes, dos quais cuidava. Assim começou a crescer ao lado da lapa do Bom Jesus um povoado, assumindo o mesmo nome de Bom Jesus da Lapa.

Durante o século XVIII, a região de Bom Jesus da Lapa vivia um crescimento. Parte do território da vila Urubu, atual Paratinga, o então povoado era um dos arraiais mais importantes dali. Por meio do Rio São Francisco, viajantes estabeleciam contatos com outras localidades. Além de Urubu, comércios eram feitos com o arraial de Bom Jardim. Em 1734, a região foi mapeada por Joaquim Quaresma Delgado, um sertanista contratado por colonialistas para percorrer o sertão mineiro e baiano.

Por meio do santuário, também, várias cerimônias de casamento e batizados ali eram realizados. Vários relatos, entre os anos de 1717 a 1781, referiam-se ao morro de Bom Jesus da Lapa. Moradores de outras localidades, tais como Urubu e Bom Jardim, além de freguesias mais distantes, como São Caetano do Japoré, Santo Antônio da Manga e São Francisco da Barra do Rio Grande do Sul, optavam por realizar batizados no santuário que, por meio de ofertas dos fiéis, mantinham escravos.  Em 1750, o arraial era formado por cinquenta casas de barro.

Até o século XIX, Bom Jesus da Lapa permaneceu como parte de Urubu, e sofreu com conflitos de banditismo. Até então juiz de paz respeitado pela região, Antônio José Guimarães tornou-se um cangaceiro por conflitos políticos. Um de seus interesses era ter o controle de Bom Jesus da Lapa e, para isso, formou jagunços e teve, em sua equipe, o padre Francisco Alves Pacheco. Por anos, invadiu localidades como Urubu, Carinhanha e Januária, até ser morto na Província de Goiás em 1854.
Em 1852, Bom Jesus da Lapa recebeu a visita de um grupo de geólogos austríacos, responsáveis por um relatório da região. Naquela época, o arraial de Bom Jesus contava com duzentos e cinquenta habitantes distribuídos em 128 casas. Em 1870, a população cresceu, e contava com 1 400 pessoas em 405 residências. Bom Jesus contava também, naquele ano, com uma delegacia.


ORIGEM DO SANTUÁRIO E DE BOM JESUS DA LAPA.

               Não há como separar a história do surgimento do Santuário do Bom Jesus da Lapa com o da cidade, pois ambos estão entrelaçados e começa com Francisco de Mendonça Mar, um pintor português que veio morar no Brasil Colônia, habitando em Salvador (SEGURA, 1987).                                                                
Segundo Segura, (1987) Francisco de Mendonça, saindo de Salvador com uma imagem do Bom Jesus, em 1691 descobriu a gruta, que até hoje serve como a Igreja do Bom Jesus da Lapa e começou o povoamento do que hoje é a cidade de Bom Jesus da Lapa. A partir, daí começou o movimento de peregrinos e aventureiros, caçadores de ouro, mascates e vaqueiros, que subiam o Rio São Francisco, fazendo pouso na Lapa, para rezar, fazer promessas, dar graças a Deus perante as imagens do Bom Jesus e de Nossa Senhora da Soledade, colocadas pelo Monge no altar da Gruta:
A cidade de Bom Jesus da Lapa começou sua existência à sombra do Santuário do Bom Jesus. Na data em que Francisco de Mendonça Mar chegou nessa região (1691), havia entre o morro e o rio São Francisco apenas algumas palhoças de índios Tapuias. Contudo, com o tempo, foram agregando-se devotos que resolveram fazer suas moradias perto do lugar, onde se achava a imagem do Bom Jesus (SEGURA, 1987,p 35).                                                                              
Assim, segundo Micek, (2006) Francisco vivia humildemente da pesca e de pequena área cultivada. Tornou-se conhecido pela religiosidade que se desenvolvia na Gruta. As embarcações que navegam no Rio São Francisco faziam paradas obrigatórias no Morro da Lapa e seus tripulantes contavam as notícias de que no coração do sertão, numa linda gruta de um morro à margem do Rio São Francisco, morava o “monge da gruta”,  num total desprendimento.    
       
         
                                                           Figura 2. Celebração no altar do Bom Jesus[1]

Segundo dados do Censo / IBGE 2010, a cidade de Bom Jesus da Lapa está localizada no Centro-Oeste do estado da Bahia, a 900 km da capital, Salvador, em direção ao oeste, e a 800 km de Brasília, dentro do Polígono das Secas. Possui uma população em torno de 63.508 habitantes, que vivem em sua maioria ao pé do morro, como também nos bairros da cidade. A origem do culto se confunde, em grande parte, com o surgimento da cidade, razão de o nome e o desenvolvimento até hoje estarem relacionados à organização e ao crescimento do culto. Castro (2004) observa que o Santuário de Bom Jesus da Lapa está situado no Médio Vale do São Francisco, onde a terra é arenosa, com uma vegetação baixa e rala, característica da caatinga e do cerrado. O clima é tropical, quente e seco. No período da estiagem, entre abril e outubro, não há chuvas, e toda a paisagem se reveste de uma coloração cinza-clara, dando um aspecto de tristeza.

A bacia hidrográfica da região, no entanto, é formada por muitos rios permanentes, que correm em meio ao sertão, banhando cidades, vilas e povoados que se formaram às suas margens. O Vale do São Francisco teve uma grande importância econômica no século XVII, durante o Ciclo do Ouro, ocupando uma posição estratégica na ligação entre o litoral e o interior do país, quando grande número de pessoas das províncias de beira-mar se transportavam com seus escravos para Minas.

Apresentada como a “Meca dos sertanejos” em Os sertões, de Eucli­des da Cunha (1985, p. 375), Bom Jesus da Lapa é o mais celebrado dos santuários sertanejos de peregrinação popular, o que transforma a cidade em um berço cultural baiano. O santuário foi classificado como uma das sete maravilhas do Brasil.

A romaria não apenas colocou o Bom Jesus da Lapa como uma das principais cidades religiosas do Brasil, como também constitui a base da sua economia (STEIL, 1996). A cidade vive em torno do santuário que, de certa forma, é responsável pela sua diferenciação em relação aos demais municípios da região. Atualmente Bom Jesus da Lapa é considerada a “Ca­pital da Baiana da Fé”.

Na concepção de Castro (2004), falar do santuário e não citar a gruta existente próximo a ele é considerado por muitos um grande erro. A Gruta do Bom Jesus da Lapa está localizada numa caverna natural de acesso à esplanada e funciona como a matriz e catedral da cidade, onde são celebradas as missas e os sacramentos fora do período mais intenso da romaria. No interior da gruta se encontra a imagem do Cristo crucificado, principal objeto do culto da romaria.                                                                                  
Nos dias de romaria forma-se uma extensa fila de devotos que pas­sam diante da imagem para rezar, agradecer as graças alcançadas e fazer pedidos. A mesma é formada pela infiltração das águas da chuva que du­rante milênios foram penetrando pela rocha porosa, esta gruta teria sido descoberta no século XVII por um vaqueiro ou pelo Monge Francisco de Mendonça Mar, de acordo com duas versões mais recorrentes sobre as ori­gens do santuário. (STEIL, 1996).

Breve histórico sobre a “Capital Baiana da Fé”

De acordo Barbosa (1995), o município foi criado em 18 de setembro de 1890, situado na região centro-oeste do estado e na Zona Fisiográfica do Médio São Francisco, com território totalmente abrangido pelo “polígono das secas” distanciando 800 km da capital do estado, por via terrestre. O município está situada à margem direita do Rio São Francisco, tomou o nome do lugar em que está o Santuário do Bom Jesus. Encontra-se a 429 metros acima do mar, tendo esta, uma população de 62.199 habitantes. Bom Jesus da Lapa tem na romaria seu maior meio de subsistência, bem como na cultura do cultivo de frutas no projeto Formoso, como também no cultivo de grãos e demais produtos agrícolas.
De tal modo, devido as constantes peregrinações que se transformaram em grandes e permanentes romarias, o povoado foi se desenvolvendo, atingindo a categoria de cidade em 1923 e chegando a ser município em 1953.
O fenômeno religioso e popular, marcado pela visitação religiosa e turística é uma marca registrada do município de Bom Jesus da Lapa. Conforme o censo 2010, a cidade tem uma população é de 64.446, situada numa área total de 4148,5 km², sendo banhado pelas águas do Rio São Francisco. Suas atividades econômicas estão baseadas na agricultura, pecuária, comércio, turismo religioso e pesca (IBGE, 2010).                                              
A cidade de Bom Jesus da Lapa concentra a terceira maior romaria do Brasil, no mês de agosto, conhecida como a   romaria do Bom Jesus em que atrai milhares de fiéis todos os anos. Mas seu potencial turístico pode ser explorado o ano todo. Particularmente entre os meses de julho a outubro, período a alta estação das romarias (CARVALHO, 2008, p 11).

Assim, a grande diferença o entre Bom Jesus da Lapa e as outras cidades da região é o morro e suas grutas que lhe conferem um clima místico e diferenciado e um estado permanente de romarias e visitação. “O mesmo, por sua singularidade conquistou os títulos de: Meca dos sertanejos, Capital baiana da fé e Primeira das 7 maravilhas do Brasil” (CARVALHO, 2008, p 27).                                                
                                            
                                                    Figura 1: vista da frente do Santuário do Bom Jesus da Lapa, Bahia[2]

O título “Meca dos Sertanejos” foi dado pelo ilustre Euclides da Cunha, que passando pela Lapa no periodo da Guerra de Canudos, registrou o fato. Assim, o jornalista e escritor brasileiro, Euclides da Cunha, ao entrar no Santuário do Bom Jesus da Lapa, observou suas curiosidades e o definiu como Meca dos Sertanejos, (CUNHA,1984) conforme descrição seguinte:                                           
Dentre os arraiais sertanejos, um se destaca e se diferencia dos demais: Trata-se de Bom Jesus da Lapa. É a Meca dos sertanejos, ostentando-se na serra de grimpas altaneiras, que ressoam como sinos; nos tetos pendiam “candelabros de estalactites” e nos corredores eram vistos “velhos ossuários diluvianos”; numa gruta semelhante à nave de um de “estranho templo”, alvo de “romarias piedosas”, o visitante observa “um traço sombrio de religiosidade singular”: “imagens e relíquias entre facas e espingardas”. O jagunço, ao adentrá-lo com sua arma, curva-se genuflexo sobre o chão e reza (CUNHA, 1984, p. 464).
                                                                   
Conforme podemos observar na figura acima, a explanada do Santuário está lotada, o que nos reme a meca, um verdadeiro centro de peregrinação.                       O nome de Lapa, segundo KOCIK (1978,p.18), veio da língua latina, derivando-se da palavra “lápis” que significa pedra. Assim, Itaberabá ou Itaberaba, Morro, Lapa, Lapa do Bom Jesus, Bom Jesus da Lapa, - eis os vários títulos ou topônimos pelos quais a cidade e o município de Bom Jesus da Lapa se tornaram conhecidos através de sua história. Assim, Kocik nos informa que:
Um morro, uma montanha calcária de aproximadamente 100 metros de altura, quase 2000 de circunferência. Nele se encontram várias grutas, das quais a mais importante é a Gruta do Bom Jesus, que mede aproximadamente 50m de comprimento, 15m de largura e 8m de altura e, a gruta de Nossa Senhora da Soledade aproximadamente 1500m². O Morro, de longe, parece uma catedral gótica, enfeitada com inúmeras pequenas torres, obra da erosão dos longos séculos. (KOCIK 1988, p 62).      
                                                                            
Segundo Alves (2014), o que faz deste lugar do oeste baiano diferente de Aparecida (SP) e Juazeiro do Norte (CE) é o visual, capaz de encantar o mais cético dos visitantes. Logo na chegada, o turista se depara com o Morro do Bom Jesus, monumento natural de 90 metros de altura e 2.000 metros de diâmetro, em cujo interior concentram-se seis grutas decoradas com imagens sacras que detalham o calvário de Jesus Cristo. Uma torre construída na entrada principal em formato de um castelo medieval é cercada por estátuas em bronze dos 12 apóstolos, obra de autoria do escultor Deocleciano Martins Oliveira Filho.
Finalmente, a visita ao santuário se completa com uma subida até o topo do Morro da Lapa, o caminho é íngreme e cansativo, mas a recompensa para os que fazem o percurso: uma linda visão panorâmica de toda a região (ALVES, 2014). No topo do morro está o Cruzeiro e a última estação da Via Sacra.

                                        (Foto do Cruzeiro que fica a 322 m no alto do morro)





Referencial:


ALVES, Roque Silva. A Arte de Rezar dos Romeiros no Santuário de Bom Jesus da Lapa: tradição e inovação. Bom Jesus da Lapa, Gráfica e editora Bom Jesus, 2014.

BARBOSA, Antônio. Bom Jesus da Lapa antes do Monsenhor Turíbio, no tempo do Monsenhor Turíbio e depois do Monsenhor Turíbio. Jotanesi Edições, Rio de Janeiro, 1996.

CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Três, 1984 (Biblioteca do Estudante).
KOCIK, Lucas. Lapa: O Santuário do Bom Jesus. Bom Jesus da Lapa, Gráfica Bom Jesus, 1978.

KOCIK, Lucas. Maravilhas do santuário de Bom Jesus da Lapa. Bom Jesus da Lapa: Gráfica Bom Jesus, 1988. 

MICEK, Francisco. O primeiro peregrino do Bom Jesus: Francisco de Mendonça Mar. Bom Jesus da Lapa, 2008.

MICEK, Francisco. Santuário do Bom Jesus da Lapa: Guia de peregrinos e turistas. Bom Jesus da Lapa: Gráfica Bom Jesus, 2007

IBGE, estatística/população/estimativa2010: www.ibge.gov.br: Acesso em Novembro de 2014.

SEGURA, Turíbio Vilanova. Bom Jesus da Lapa. Resenha histórica. Bom Jesus da Lapa: Gráfica Bom Jesus, 1987.                                                                                   
STEIL, Carlos Alberto. O sertão das romarias: um estudo antropológico sobre o santuário de Bom Jesus da Lapa - Bahia. Petrópolis: Vozes, 1996.   





[1] Celebração no altar do Bom Jesus - https://pt-br.facebook.com/santuariolapa. Acessado em 02/12/14.
[2]. Povo reunido para a celebração. Disponível em: https://pt-br.facebook.com/santuariolapa. Acessado em 05 de novembro de 2014.