Não
há como separar a história do surgimento do Santuário do Bom Jesus da Lapa com
o da cidade, pois ambos estão entrelaçados e começa com Francisco de Mendonça
Mar, um pintor português que veio morar no Brasil Colônia, habitando em
Salvador (SEGURA, 1987).
Segundo Segura, (1987)
Francisco de Mendonça, saindo de Salvador com uma imagem do Bom Jesus, em 1691
descobriu a gruta, que até hoje serve como a Igreja do Bom Jesus da Lapa e
começou o povoamento do que hoje é a cidade de Bom Jesus da Lapa. A partir, daí
começou o movimento de peregrinos e aventureiros, caçadores de ouro, mascates e
vaqueiros, que subiam o Rio São Francisco, fazendo pouso na Lapa, para rezar,
fazer promessas, dar graças a Deus perante as imagens do Bom Jesus e de Nossa
Senhora da Soledade, colocadas pelo Monge no altar da Gruta:
A cidade de Bom Jesus da
Lapa começou sua existência à sombra do Santuário do Bom Jesus. Na data em que
Francisco de Mendonça Mar chegou nessa região (1691), havia entre o morro e o
rio São Francisco apenas algumas palhoças de índios Tapuias. Contudo, com o
tempo, foram agregando-se devotos que resolveram fazer suas moradias perto do
lugar, onde se achava a imagem do Bom Jesus (SEGURA, 1987,p 35).
Assim, segundo Micek, (2006) Francisco vivia humildemente
da pesca e de pequena área cultivada. Tornou-se conhecido pela religiosidade
que se desenvolvia na Gruta. As embarcações que navegam no Rio São Francisco
faziam paradas obrigatórias no Morro da Lapa e seus tripulantes contavam as
notícias de que no coração do sertão, numa linda gruta de um morro à margem do
Rio São Francisco, morava o “monge da gruta”, num total desprendimento.
Figura 2. Celebração no altar do Bom Jesus[1]
Segundo dados do Censo / IBGE 2010, a
cidade de Bom Jesus da Lapa está localizada no Centro-Oeste do estado da Bahia,
a 900 km da capital, Salvador, em direção ao oeste, e a 800 km de Brasília,
dentro do Polígono das Secas. Possui uma população em torno de 63.508
habitantes, que vivem em sua maioria ao pé do morro, como também nos bairros da
cidade. A origem do culto se confunde, em grande parte, com o surgimento da
cidade, razão de o nome e o desenvolvimento até hoje estarem relacionados à
organização e ao crescimento do culto. Castro (2004) observa que o Santuário de
Bom Jesus da Lapa está situado no Médio Vale do São Francisco, onde a terra é
arenosa, com uma vegetação baixa e rala, característica da caatinga e do
cerrado. O clima é tropical, quente e seco. No período da estiagem, entre abril
e outubro, não há chuvas, e toda a paisagem se reveste de uma coloração
cinza-clara, dando um aspecto de tristeza.
A bacia hidrográfica da região, no
entanto, é formada por muitos rios permanentes, que correm em meio ao sertão,
banhando cidades, vilas e povoados que se formaram às suas margens. O Vale do
São Francisco teve uma grande importância econômica no século XVII, durante o
Ciclo do Ouro, ocupando uma posição estratégica na ligação entre o litoral e o
interior do país, quando grande número de pessoas das províncias de beira-mar
se transportavam com seus escravos para Minas.
Apresentada como a “Meca dos
sertanejos” em Os sertões, de Euclides da Cunha (1985, p. 375), Bom
Jesus da Lapa é o mais celebrado dos santuários sertanejos de peregrinação
popular, o que transforma a cidade em um berço cultural baiano. O santuário foi
classificado como uma das sete maravilhas do Brasil.
A romaria não apenas colocou o Bom
Jesus da Lapa como uma das principais cidades religiosas do Brasil, como também
constitui a base da sua economia (STEIL, 1996). A cidade vive em torno do
santuário que, de certa forma, é responsável pela sua diferenciação em relação
aos demais municípios da região. Atualmente Bom Jesus da Lapa é considerada a
“Capital da Baiana da Fé”.
Na concepção de Castro (2004), falar
do santuário e não citar a gruta existente próximo a ele é considerado por
muitos um grande erro. A Gruta do Bom Jesus da Lapa está localizada numa
caverna natural de acesso à esplanada e funciona como a matriz e catedral da
cidade, onde são celebradas as missas e os sacramentos fora do período mais
intenso da romaria. No interior da gruta se encontra a imagem do Cristo
crucificado, principal objeto do culto da romaria.
Nos dias de romaria forma-se uma extensa fila de devotos que passam diante da imagem para rezar, agradecer as graças alcançadas e fazer pedidos. A mesma é formada pela infiltração das águas da chuva que durante milênios foram penetrando pela rocha porosa, esta gruta teria sido descoberta no século XVII por um vaqueiro ou pelo Monge Francisco de Mendonça Mar, de acordo com duas versões mais recorrentes sobre as origens do santuário. (STEIL, 1996).
Nos dias de romaria forma-se uma extensa fila de devotos que passam diante da imagem para rezar, agradecer as graças alcançadas e fazer pedidos. A mesma é formada pela infiltração das águas da chuva que durante milênios foram penetrando pela rocha porosa, esta gruta teria sido descoberta no século XVII por um vaqueiro ou pelo Monge Francisco de Mendonça Mar, de acordo com duas versões mais recorrentes sobre as origens do santuário. (STEIL, 1996).
Breve histórico sobre a “Capital Baiana da Fé”
De
acordo Barbosa (1995), o município foi criado em 18 de setembro de 1890,
situado na região centro-oeste do estado e na Zona Fisiográfica do Médio São
Francisco, com território totalmente abrangido pelo “polígono das secas”
distanciando 800 km da capital do estado, por via terrestre. O município está
situada à margem direita do Rio São Francisco, tomou o nome do lugar em que
está o Santuário do Bom Jesus. Encontra-se a 429 metros acima do mar,
tendo esta, uma população de 62.199
habitantes. Bom Jesus da Lapa tem na romaria seu maior meio de
subsistência, bem como na cultura do cultivo de frutas no projeto Formoso, como
também no cultivo de grãos e demais produtos agrícolas.
De tal modo, devido as constantes peregrinações que se transformaram em grandes e permanentes romarias, o povoado foi se desenvolvendo, atingindo a categoria de cidade em 1923 e chegando a ser município em 1953.
De tal modo, devido as constantes peregrinações que se transformaram em grandes e permanentes romarias, o povoado foi se desenvolvendo, atingindo a categoria de cidade em 1923 e chegando a ser município em 1953.
O fenômeno religioso e
popular, marcado pela visitação religiosa e turística é uma marca registrada do
município de Bom Jesus da Lapa. Conforme o censo 2010, a cidade tem uma
população é de 64.446, situada numa área total de 4148,5
km², sendo banhado pelas águas do Rio São Francisco. Suas atividades econômicas
estão baseadas na agricultura, pecuária, comércio, turismo religioso e pesca (IBGE,
2010).
A
cidade de Bom Jesus da Lapa concentra a terceira maior romaria do Brasil, no
mês de agosto, conhecida como a romaria do Bom Jesus em que atrai
milhares de fiéis todos os anos. Mas seu potencial turístico pode ser explorado
o ano todo. Particularmente entre os meses de julho a outubro, período a alta
estação das romarias (CARVALHO, 2008, p 11).
Assim, a grande diferença o
entre Bom Jesus da Lapa e as outras cidades da região é o morro e suas grutas
que lhe conferem um clima místico e diferenciado e um estado permanente de
romarias e visitação. “O mesmo, por sua singularidade conquistou os títulos de:
Meca dos sertanejos, Capital baiana da fé e Primeira das 7 maravilhas do Brasil”
(CARVALHO, 2008, p 27).
O título “Meca dos Sertanejos” foi dado pelo
ilustre Euclides da Cunha, que passando pela Lapa no periodo da Guerra de
Canudos, registrou o fato. Assim, o jornalista e escritor brasileiro, Euclides
da Cunha, ao entrar no Santuário do Bom Jesus da Lapa, observou suas
curiosidades e o definiu como Meca dos Sertanejos, (CUNHA,1984) conforme
descrição seguinte:
Dentre os arraiais
sertanejos, um se destaca e se diferencia dos demais: Trata-se de Bom Jesus da
Lapa. É a Meca dos sertanejos, ostentando-se na serra de
grimpas altaneiras, que ressoam como sinos; nos tetos pendiam “candelabros de estalactites” e nos corredores
eram vistos “velhos ossuários diluvianos”;
numa gruta semelhante à nave de um de “estranho
templo”, alvo de “romarias piedosas”, o visitante
observa “um traço sombrio de religiosidade singular”:
“imagens e relíquias entre facas e espingardas”.
O jagunço, ao adentrá-lo com sua arma, curva-se genuflexo sobre o chão e reza
(CUNHA, 1984, p. 464).
Conforme
podemos observar na figura acima, a explanada do Santuário está lotada, o que
nos reme a meca, um verdadeiro centro de peregrinação. O nome de Lapa, segundo KOCIK (1978,p.18), veio
da língua latina, derivando-se da palavra “lápis” que significa pedra. Assim,
Itaberabá ou Itaberaba, Morro, Lapa, Lapa do Bom Jesus, Bom Jesus da Lapa, -
eis os vários títulos ou topônimos pelos quais a cidade e o município de Bom
Jesus da Lapa se tornaram conhecidos através de sua história. Assim, Kocik nos informa que:
Um morro, uma montanha
calcária de aproximadamente 100 metros de altura, quase 2000 de circunferência.
Nele se encontram várias grutas, das quais a mais importante é a Gruta do Bom
Jesus, que mede aproximadamente 50m de comprimento, 15m de largura e 8m de
altura e, a gruta de Nossa Senhora da Soledade aproximadamente 1500m². O Morro,
de longe, parece uma catedral gótica, enfeitada com inúmeras pequenas torres,
obra da erosão dos longos séculos. (KOCIK 1988, p 62).
Segundo
Alves (2014), o que faz deste lugar do oeste baiano diferente de Aparecida (SP)
e Juazeiro do Norte (CE) é o visual, capaz de encantar o mais cético dos
visitantes. Logo na chegada, o turista se depara com o Morro do Bom Jesus,
monumento natural de 90
metros de altura e 2.000 metros de
diâmetro, em cujo interior concentram-se seis grutas decoradas com imagens
sacras que detalham o calvário de Jesus Cristo. Uma torre construída na entrada
principal em formato de um castelo medieval é cercada por estátuas em bronze
dos 12 apóstolos, obra de autoria do escultor Deocleciano Martins Oliveira
Filho.
Finalmente, a visita ao santuário se completa com uma subida até o topo do Morro da Lapa, o caminho é íngreme e cansativo, mas a recompensa para os que fazem o percurso: uma linda visão panorâmica de toda a região (ALVES, 2014). No topo do morro está o Cruzeiro e a última estação da Via Sacra.
Finalmente, a visita ao santuário se completa com uma subida até o topo do Morro da Lapa, o caminho é íngreme e cansativo, mas a recompensa para os que fazem o percurso: uma linda visão panorâmica de toda a região (ALVES, 2014). No topo do morro está o Cruzeiro e a última estação da Via Sacra.
Referencial:
ALVES, Roque Silva. A Arte de Rezar dos Romeiros no Santuário
de Bom Jesus da Lapa: tradição e inovação. Bom Jesus da Lapa, Gráfica e
editora Bom Jesus, 2014.
BARBOSA, Antônio. Bom Jesus da Lapa antes do Monsenhor
Turíbio, no tempo do Monsenhor Turíbio e depois do Monsenhor Turíbio.
Jotanesi Edições, Rio de Janeiro, 1996.
CUNHA,
Euclides da. Os Sertões. São Paulo:
Três, 1984 (Biblioteca do Estudante).
KOCIK,
Lucas. Lapa: O Santuário do Bom Jesus. Bom Jesus da Lapa, Gráfica Bom Jesus,
1978.
KOCIK,
Lucas. Maravilhas do santuário de Bom Jesus da Lapa. Bom Jesus da
Lapa: Gráfica Bom Jesus, 1988.
MICEK,
Francisco. O primeiro peregrino do Bom
Jesus: Francisco de Mendonça Mar. Bom Jesus da Lapa, 2008.
MICEK,
Francisco. Santuário do Bom Jesus da
Lapa: Guia de peregrinos e
turistas. Bom Jesus da Lapa: Gráfica Bom Jesus, 2007
IBGE,
estatística/população/estimativa2010: www.ibge.gov.br: Acesso em Novembro de 2014.
SEGURA, Turíbio Vilanova. Bom Jesus da Lapa.
Resenha histórica. Bom Jesus da Lapa: Gráfica Bom Jesus, 1987.
STEIL, Carlos Alberto. O
sertão das romarias: um estudo antropológico sobre o santuário de
Bom Jesus da Lapa - Bahia. Petrópolis: Vozes, 1996.
[1] Celebração no altar do
Bom Jesus - https://pt-br.facebook.com/santuariolapa. Acessado em
02/12/14.
[2].
Povo reunido para a celebração. Disponível em:
https://pt-br.facebook.com/santuariolapa. Acessado em 05 de novembro de 2014.